O ódio dos doentes

Resumo: Sentimentos de Ódio e Emoções Negativas em Doentes

O diagnóstico de uma doença, seja ela qual for, é um momento de mudança e adaptação para todas as pessoas. Quando esse diagnóstico traz consigo uma ameaça à vida, torna-se então um ponto sem retorno e a necessidade de adaptação eleva-se a obrigação.

A caminhada é muitas vezes sinuosa e difícil, pelas constantes visitas a médicos, realização de exames, consultas de especialidades variadas, cirurgias e internamentos. Esta dinâmica enfraquece e diminui a força inicial que possa existir – e a vontade de acreditar que um dia melhor virá reduz-se perante os obstáculos. O acesso e a disponibilidade de cuidados vai diminuindo à medida que a complexidade da doença aumenta.

O acesso e a disponibilidade de cuidados vai diminuindo à medida que a complexidade da doença aumenta. Não deveria ser ao contrário?

A equidade no acesso aos serviços hospitalares será igual para todos os doentes? Porque será, então, que existe a ideia generalizada, e a meu ver completamente errada, de que um doente com doença avançada está a “ocupar” uma cama de um doente agudo? Colocando os pontos nos “is”: um doente com doença avançada, com necessidade de cuidados intensivos de conforto, de terapêutica subcutânea e de apoio à família merece menos estar numa cama de um qualquer serviço de Medicina ou Oncologia de que um doente que sofreu um enfarte ou um AVC?

Os doentes em cuidados paliativos necessitam de cuidados especializados e ativos em várias fases da doença e não são casos sociais, como muitas vezes são rotulados. São pessoas que necessitam de cuidados tanto quanto qualquer outro doente. Escudarmo-nos na constante catalogação dos doentes só os deixará mais à margem, onde nenhum de nós quer estar quando estiver doente.

Fonte